O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretou nesta quarta-feira (4) a prisão preventiva da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), após pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). A decisão ocorre um dia depois de a parlamentar anunciar, em live no YouTube, que deixou o Brasil e pretende se mudar para a Itália, onde possui cidadania.
Além da prisão, a PGR solicitou o cancelamento dos aportes da deputada e a inclusão do nome dela na lista de difusão vermelha da Interpol. A justificativa é que Zambelli teria deixado o país com o objetivo de evitar as consequências de uma condenação já proferida pelo STF.
A deputada foi condenada por unanimidade a 10 anos de prisão e à perda do mandato pela invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ela também responde a outro processo no Supremo por perseguição armada a um homem na véspera do segundo turno das eleições de 2022.
Em entrevista à CNN, Zambelli declarou que tem cidadania italiana e que, por isso, não pode ser extraditada:
— Tenho cidadania italiana e nunca escondi. Se tivesse alguma intenção de fugir, eu teria escondido esse aporte (...) Como cidadã italiana, eu sou intocável na Itália — afirmou, alegando estar tranquila quanto à ordem de prisão.
Zambelli também afirmou que está fora do país por questões de saúde, ando por tratamento para a síndrome de Ehlers-Danlos, condição hereditária rara que afeta o tecido conjuntivo. Ainda assim, ela anunciou planos de morar na Europa para "fortalecer a direita" e denunciar o Supremo Tribunal Federal à comunidade internacional.
Durante a transmissão nas redes, a deputada disse que pedirá licença não remunerada do mandato, o que pode abrir espaço para o suplente Coronel Tadeu assumir a cadeira na Câmara dos Deputados.
Antes de deixar o país, Zambelli delegou a istração de suas redes sociais à mãe, Rita Zambelli, e emancipou o filho de 17 anos, com o objetivo de prepará-lo para uma possível candidatura nas eleições de 2026.
A decisão da deputada de deixar o país também provocou a saída de seu advogado, Daniel Bialski, que anunciou nesta quarta-feira que deixou a defesa por "motivo de foro íntimo".
— Eu fui apenas comunicado pela deputada que estaria fora do Brasil para dar continuidade a um tratamento de saúde. Todavia, por motivo de foro íntimo, estou deixando a defesa da deputada — informou Bialski em nota.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper